Fonte: http://www.infomoney.com.br/mercados/acoes-e-indices/noticia/3145047/acoes-construtoras-bovespa-refletem-temida-bolha-imobiliaria?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=nlmercados
SÃO PAULO - Uma "bolha imobiliária" vem se
formando nas principais cidades do país, na opinião de muitos economistas.
Esperada para os primeiros meses de 2014, um estouro dessa bolha jogaria muitas
empresas em situações de calamidade: se a situação
do setor já não vai bem sem isso, imagina com uma restrição drástica da demanda e com os preços dos imóveis em queda.
do setor já não vai bem sem isso, imagina com uma restrição drástica da demanda e com os preços dos imóveis em queda.
Por conta de todas essas dificuldades, o preço das ações de
imobiliárias na BM&F Bovespa está em patamares absurdamente baratos: das 17
construtoras listadas na BM&F Bovespa, 12 valem menos do que seu patrimônio
- indicando que as empresas estão descontadas. Para muitos, isso já mostra que
o mercado teme uma retração do mercado imobiliário - principalmente nas
principais praças, como Rio de Janeiro e São Paulo.
"Esse medo coloca o
bode na sala, o mercado não está essa maravilha toda, o que ajuda nesse movimento
negativo", alerta Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
Muitas das empresas já estão em uma situação complicada financeiramente - com o
aumento de custos - e já veem sua velocidade de vendas recuarem recentemente.
Ele
destaca que muitas empresas já estão queimando caixa com o atual cenário, os
custos dispararam e muitas estão com prejuízo - e só para conseguir entregar o
que já foi lançado e vendido, muitas empresas estão em apuros. "Se for
olhar exclusivamente para o valor patrimonial, elas estão descontadas. A
empresa pode estar valendo 20% do valor patrimonial, mas está queimando caixa. Além
disso, estamos em um cenário de elevação de juros, fica mais caro as pessoas
financiarem", diz o analista.
Bolha não é em todo o Brasil, acredita analista
Mesmo com o cenário complicado, é válido lembrar que há regiões no
Brasil em que não se imagina correr o risco da bolha imobiliária. "Tem
lugares no Brasil mais caros que Estados Unidos, Europa e Japão. Isso não faz
muito sentido, mas o Brasil é grande e o preço varia muito", afirma João
Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos.
Por isso mesmo, ele acredita que
empresas com maior diversificação regional deverão conseguir escapar da bolha -
que se forma principalmente nas capitais paulista e carioca. "A expansão
do crédito e o aumento de renda pode ter criado uma 'bolha imobiliária', mas a gente
precisa falar dos lugares específicos em que poderia ter uma", avisa o
analista.
E isso afeta as empresas, muitas vezes mais no plano das expectativas
do que no resultado efetivo delas - muitas das construtoras listadas em bolsa
possuem presença nacional e conseguem contornar os problemas de uma bolha
pontual. "O mercado pode estar com um pé atrás e por isso elas estão
negociadas a níveis mais baixos. Mas a questão principal é oferta e demanda, o
brasileiro parece estar interessado em gastar mais com moradia", destaca o
analista.
Reestruturação das empresas
No momento, há de se dar destaque para o
fato de muitas empresas do setor estarem estudando uma reestruturação - como a
Cyrela (CYRE3) fez recentemente, que lhe permitiu ser uma das poucas
imobiliárias que valem mais do que o patrimônio. "Muitas empresas querem se
reestruturar, para parar de queimar caixa. É muito importante que elas o façam",
destaca Müller.
Essa reestruturação significa controlar os custos e focar nos
bons projetos - importante principalmente em um período em que a taxa de
desemprego é baixa e a renda é crescente, que problemático para um setor que
precisa de muita mão de obra. "O aumento dos custos acaba queimando muito
caixa das empresas, então elas tiveram que se adequar, apertar os cintos. A
cotação é um reflexo disso, o cenário é muito difícil nesse setor",
finaliza Brugger.
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