Um levantamento divulgado pela revista Economist mostrou que o Brasil
teve a segunda maior valorização do mercado imobiliário entre 23 países, o que
fez muita gente acreditar que uma bolha poderia estourar nos próximos meses. No
texto a seguir enumero as razões pelas quais não há razão para este temor.
Por Marcelo Tapai |16h07 | 16-01-2014
Há alguns meses tenho visto comentários sobre uma suposta bolha
imobiliária que explodiria aqui no Brasil, a exemplo do que ocorreu nos Estados
Unidos. Apesar de muita especulação, o fato é que, de concreto, não há nada que
possa indicar um cenário semelhante ao americano.
Esta semana o assunto novamente ganhou destaque, por conta de um estudo
que coloca o Brasil como o segundo mercado onde os imóveis mais de valorizaram
entre 23 países, e teve quem afirmasse que uma bolha imobiliária estouraria no
Brasil ainda no primeiro semestre de 2014.
Diferente dos Estados Unidos, o Brasil ainda tem um déficit
habitacional muito grande. Além disso, aqui também não se hipotecam 100% do
valor dos imóveis, tampouco vários imóveis para um mesmo "comprador". As regras são diferentes e trazem maior solidez ao mercado.
Para comprar um imóvel, o interessado precisa desembolsar entre 20% a
30% do valor do bem e somente pode financiar o restante desde que demonstre ao
agente financeiro que reúne condições de arcar com as parcelas.
A taxa de juros é bem maior que zero, o que desestimula curiosos a comprar
para revender, pois o custo do dinheiro é alto e a negociata não compensa. Em
outras palavras, não é possível que alguém, sem nenhum lastro, hipoteque um
imóvel sem pagar quase nenhum encargo financeiro e espere que esse imóvel se
valorize para repassá-lo a terceiros.
O mercado não está estagnado e lançamentos continuam crescentes em toda
cidade e as vendas seguem acontecendo. Evidente que não se vê uma aceleração
igual à que ocorreu durante o boom imobiliário, pois o mercado se ajustou.
Mas também não se verificam quedas, nem de preços, nem de ofertas, e as
vendas continuam estáveis. O mercado talvez não seja mais tão promissor para
especuladores, pois os preços tendem a se estabilizar e ninguém mais fará
fortuna fácil comprando no lançamento e revendendo com altíssimo lucro poucos
meses depois.
Haverá, sem dúvida, um ajuste de mercado, o que já está ocorrendo, mas
queda generalizada de preços, estagnação de vendas e quebradeira geral, é um
fenômeno que não dá mostras de ocorrer no Brasil.
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